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12 de fevereiro de 2013

Dias que não vivemos


Um dos motivos pelos quais a morte de uma pessoa próxima se torna tão dolorosa é a quantidade de coisas que ficam sem ser ditas, a quantidade de sentimentos que não manifestamos no dia a dia e quando a morte chega não temos tempo.

Na terça-feira passada, dia 05 de fevereiro, quase nesse horário que escrevo, 11h15, a morte chegou perto, senti seu cheiro...
Comecei a relembrar tanta coisa, a cabeça parecia que iria explodir.

Lembrei de muitos momentos que tivemos com o Pedro, lembrei das coisas não tão boas, lembrei dos risos e choros... Lembrei dele pequeno querendo entender as coisas da vida, lembrei dele crescido contando sobre o amor que sentia pela namorada.

Agora consigo ir separando os pensamentos, lembrando de fragmentos, lembrando de pensamentos inteiros, mas na hora tudo vem como um mergulho, nem enxergamos direito.

Naquela terça-feira, quando o Alexandre entrou na UTI para ouvir o médico, fiquei aguardando pelo vidro, esperando que ele viesse com outra notícia...

Me dissolvi durante a espera, apenas rezava pedindo que Deus fizesse o melhor pelo Pedro. Uma das piores sensações que já senti, parece que tudo ia descendo pelo ralo. 

Durante essa semana tenho pensado e não consigo encontrar nada que me dê sensação de arrependimento, sensação de algo que deveria ter feito. Nenhum sentimento ou palavra ficou guardado, acredito que tudo que precisava ser dito, foi.

Já passei por outros momentos de morte e não tive essa sensação. É tudo tão estranho!

O pior momento foi olhar para os olhos do Alexandre e não conseguir dizer nada, não tenho ideia o que seja perder um filho. Não pude viver por ele aquela dor...

Ainda acordo no meio da noite e pergunto por quê? Ainda penso naqueles dias como os piores que vivi. Ainda sofro vendo o sofrimento do outro, do Alexandre, de outras famílias...

Parecem dias que não vivemos, literalmente.


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12 de fevereiro de 2013

Dias que não vivemos


Um dos motivos pelos quais a morte de uma pessoa próxima se torna tão dolorosa é a quantidade de coisas que ficam sem ser ditas, a quantidade de sentimentos que não manifestamos no dia a dia e quando a morte chega não temos tempo.

Na terça-feira passada, dia 05 de fevereiro, quase nesse horário que escrevo, 11h15, a morte chegou perto, senti seu cheiro...
Comecei a relembrar tanta coisa, a cabeça parecia que iria explodir.

Lembrei de muitos momentos que tivemos com o Pedro, lembrei das coisas não tão boas, lembrei dos risos e choros... Lembrei dele pequeno querendo entender as coisas da vida, lembrei dele crescido contando sobre o amor que sentia pela namorada.

Agora consigo ir separando os pensamentos, lembrando de fragmentos, lembrando de pensamentos inteiros, mas na hora tudo vem como um mergulho, nem enxergamos direito.

Naquela terça-feira, quando o Alexandre entrou na UTI para ouvir o médico, fiquei aguardando pelo vidro, esperando que ele viesse com outra notícia...

Me dissolvi durante a espera, apenas rezava pedindo que Deus fizesse o melhor pelo Pedro. Uma das piores sensações que já senti, parece que tudo ia descendo pelo ralo. 

Durante essa semana tenho pensado e não consigo encontrar nada que me dê sensação de arrependimento, sensação de algo que deveria ter feito. Nenhum sentimento ou palavra ficou guardado, acredito que tudo que precisava ser dito, foi.

Já passei por outros momentos de morte e não tive essa sensação. É tudo tão estranho!

O pior momento foi olhar para os olhos do Alexandre e não conseguir dizer nada, não tenho ideia o que seja perder um filho. Não pude viver por ele aquela dor...

Ainda acordo no meio da noite e pergunto por quê? Ainda penso naqueles dias como os piores que vivi. Ainda sofro vendo o sofrimento do outro, do Alexandre, de outras famílias...

Parecem dias que não vivemos, literalmente.


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