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4 de dezembro de 2007

pequena poesia

Como dizia o poeta

Quem já passou por essa vida e não viveu

Pode ser mais, mas sabe menos do que eu

Porque a vida só se dá pra quem se deu

Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu

Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não

Não há mal pior do que a descrença

Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão

Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair

Pra que somar se a gente pode dividir

Eu francamente já não quero nem saber

De quem não vai porque tem medo de sofrer

Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão

Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não

Vinícius de Moraes

1 de dezembro de 2007

A compaixão e a felicidade humana

Jung Mo Sung*

Na nossa vida sempre encontramos ou cruzamos com pessoas que estão sofrendo por algum motivo. Nestes momentos todos nós somos, de um modo ou outro, tocados pelo sofrimento alheio. Isto se chama compaixão.
Para entendermos isto melhor, quero narrar uma conversa que eu tive com uma pessoa alguns anos atrás. Estávamos saindo de um banco, bem no centro velho de São Paulo, quando vimos na rua pessoas pobres pedindo esmola. Ela me disse: "eu não gosto de vir aqui para centro por causa destas cenas que me deprimem. O centro está carregado de energias negativas e toda vez que eu venho aqui saio carregado desta negatividade e mesmo quando volto para minha casa eu sinto um certo peso, um certo mal estar".

Eu não quero discutir aqui se a expressão "energias negativas" é a melhor para expressar o ambiente como aquele, mas o que eu posso dizer com certeza é que esta pessoa foi tocada pelo sofrimento daquelas pessoas pobres, algumas com crianças pequenas. O fato de ela sentir esta "energia negativa" até mesmo quando estava no conforto e segurança da sua casa (que devia ser muito boa) mostra que ela costumava ser tocada com certa profundidade e não sabia bem como lidar com isto. Mesmo as pessoas mais insensíveis são tocadas pelos sofrimentos de outras pessoas. Uma comprovação disso é que elas reagem de alguma forma a este tipo de contato, mesmo que seja apenas para virar a cabeça. Este virar a cabeça para não ver o rosto de uma pessoa que sofre mostra que foi tocada. Ninguém é completamente insensível ao sofrimento de outras pessoas.

Hoje diversos experimentos científicos estão mostrando que esta é uma característica da espécie humana. Nós somos de uma espécie que é capaz de se colocar no lugar do outro para compreender a intenção da outra pessoa e compreender o que quer dizer ou comunicar; assim como também somos capazes de nos colocar no lugar da pessoa que está nos sorrindo para entendermos - algumas vezes de forma meio equivocada - o sentido daquele sorriso para nós. Isto funciona também diante de uma pessoa que sofre. Eu me coloco no lugar desta pessoa para poder compreender o sentimento de dor que se expressa no rosto dela ou em algum outro gesto. Ao me colocar no lugar do outro, para compreendê-lo, eu sinto o sofrimento com a pessoa que sofre.

A diferença entre as pessoas se dá na reação a esta experiência de compaixão. A dor e o sofrimento da outra pessoa me lembra os meus medos, inseguranças e sofrimentos que eu não quero me lembrar. Com isso, eu posso me fechar para a dor do outro para reprimir a minha dor e esquecer dos meus medos e inseguranças; ou então me permitir sentir a compaixão e assim tomar contato com as minhas dores, os meus sofrimentos e medos. É preciso muita força espiritual e também coragem para enfrentar as minhas dores mais fundas. Permanecer na compaixão não revela fraqueza ou de "pieguice" de uma pessoa, pelo contrário, é sinal da sua força emocional e espiritual.

Reprimir o sentimento inevitável da compaixão é reprimir uma parte do "eu" que está nas profundezas do meu ser. Em outras palavras, quem nega o sentimento de compaixão não pode se conhecer e, por isso, nem consegue encontrar uma "solução" para os seus problemas que foram escondidos, empurrados e trancados no mais fundo de si. Quem não é capaz de permanecer no sentimento de compaixão, não consegue viver uma vida feliz porque tenta negar a sua própria "natureza humana".

É por isso que pessoas como Dalai Lama dizem que a felicidade depende da compaixão, e que para desenvolver o sentimento de compaixão precisamos cultivar qualidades como "amor, paciência, tolerância, capacidade de perdoar, humildade e outras" e também "o hábito de uma disciplina interior".

Quando sentimos a compaixão, desejamos que os sofrimentos das outras pessoas cessem, não só porque as amamos ou acreditamos que elas têm direito a uma vida mais digna e humana, mas também para que os nossos sofrimentos resultantes da compaixão sejam aliviados. Neste processo sentimo-nos compelidos a fazer algo para mudar a situação, assim como também incluímos no nosso horizonte de futuro desejado a superação das situações que causam estes sofrimentos. Abertura ao sofrimento alheio que nos permite tomar contato com os nossos sofrimentos e medos, a esperança de um futuro onde estes problemas foram solucionados e ações concretas que nos dão convicção firme de que estamos, dentro das possibilidades, fazendo a coisa certa para caminharmos em direção a este futuro desejado são elementos fundamentais de uma vida feliz.

Compaixão e amor encarnado em ações concretas - que buscam superar situações de opressão, dominação, marginalização, exploração ou exclusão que geram sofrimentos de tanta gente - são elementos fundamentais tanto para uma vida pessoal quanto para uma sociedade mais humana. Não se pode ser feliz sendo insensível a tanto sofrimento e dor.

É claro que não devemos cair na tentação e pressão de sermos perfeitamente compassivos e capazes de ações perfeitas e plenas para "salvar" o mundo. Só na medida em que aceitamos a nossa dificuldade é que poderemos viver e fazer o que podemos de fato.

Compaixão, responsabilidade e solidariedade são valores fundamentais para salvarmos o mundo e as nossas vidas do cinismo, da indiferença e da desumanização.

Mesmo que a nossa vida e o mundo não se transformem na intensidade e na velocidade dos nossos desejos, sabemos que nossas ações transformam ou modificam para melhor, não somente a vida de outras pessoas, mas também a nós mesmos.

Elie Wiesel nos oferece uma pérola do pensamento talmúdico sobre isto: "A caridade salva da morte. [...] O que é a caridade? Os vivos devem se preocupar com a tristeza ou doença do próximo. Quem não se preocupa não é realmente sensível; quem não é sensível não está realmente vivo. E este é o significado do apelo do shammash: a caridade nos livra de morrer em vida".

[Autor de, entre outros, "Um caminho espiritual para felicidade"].


* Professor de pós-grad. em Ciências da Religião da Univ. Metodista de S. Paulo e autor de Sementes de esperança: a fé em um mundo em crise

29 de novembro de 2007

Mulheres: Sem medo de denunciar*

*Por Iolanda Toshie Ide

Brutalmente assassinadas pelo ditador Rafael Leônidas Trujillo, da República Dominicana, as irmãs Mirabal Minerva, Maria Tereza e Pátria Mirabal são justamente lembradas pra marcar a campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres. Essa campanha inicia-se exatamente na data do assassinato delas: 25 de novembro (1960).
Às vésperas do início da edição anual desta campanha, a divulgação da informação de que uma jovem atirada à prisão para ser torturada por estupros por parte de presos na mesma cela causa indignação e merece um público e veemente repúdio.
Quando nos perguntam sobre os avanços conquistados pelas mulheres desde a segunda metade do século XX, nunca fizemos um balanço otimista. O aumento significativo do ingresso de mulheres nos cursos superiores e a participação no mundo do trabalho formal faz parecer que se avançou muito. No entanto, não engendrou salários iguais aos dos homens mesmo quando a escolaridade da mulher é maior, sem falar no peso da dupla jornada. Entretanto, como ocorreu em Abaetetuba (e não é só lá) é revoltante ver o estado lançar mulheres nas celas junto a vários homens sabendo que serão estupradas.
No início do horário de verão, um homem feriu a esposa por ela não ter atrasado o relógio. Um rapaz ameaçou invadir a escola onde estuda uma jovem que ele desejava que fosse sua namorada, ameaçando-a. Um outro rapaz, não quis aceitar o rompimento com a namorada. Foi até o município onde ela estudava, abordou-a na entrada da faculdade matando-a. Um homem chegou em casa, quebrou móveis e louças, empurrou a esposa e suas duas filhas (de menos de 10 anos de idade) para fora de casa e se trancou para dormir: as três ficaram na rua durante toda a noite.
Quantas mulheres, ao longo da história foram impedidas de votar e de estudar. Mas isto não é coisa do passado. No dia 6 de dezembro de 1989, um estudante irrompeu na Escola politécnica de Montreal (Canadá) e atirou nas mulheres. Não aceitava que as jovens adentrassem nos cursos de engenharia dizendo elas roubavam as vagas dos homens. Atirou furiosamente assassinando 14 mulheres. Daí surgiu a Campanha do Laço Branco pela qual homens se engajam mobilizando-se pelo fim da violência contra a mulher.
- a cada minuto, 4 mulheres são espancadas;- em cada 10 casos registrados, 7 têm como agressor o marido, namorado, ex-companheiro, pai e parentes;- a cada 9 segundos, uma mulher é ofendida na sua conduta sexual;
A campanha pelo fim da violência contra as mulheres que de 25 de novembro a 10 de dezembro ocorre simultaneamente em mais de 130 países, necessita, pois, de muita garra. A Secretaria Especial de Políticas para Mulheres disponibilizou o telefone gratuito 180 para orientar as mulheres, funcionando 24 horas, inclusive nos sábados e domingos.
O patriarcalismo ainda está vivo: houve juiz que ousasse pronunciar-se contra a Lei Maria da Penha (Lei nº11.340) considerando-a inconstitucional. Estamos nos empenhando na direção contrária, divulgando a lei, incentivando as mulheres para que denunciem seus agressores, sem medo. Quem deve ter medo é o agressor. É preciso que a Lei nº 11.340 saia do papel. Afinal, uma vida sem violência é nosso direito.

4 de dezembro de 2007

pequena poesia

Como dizia o poeta

Quem já passou por essa vida e não viveu

Pode ser mais, mas sabe menos do que eu

Porque a vida só se dá pra quem se deu

Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu

Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não

Não há mal pior do que a descrença

Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão

Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair

Pra que somar se a gente pode dividir

Eu francamente já não quero nem saber

De quem não vai porque tem medo de sofrer

Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão

Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não

Vinícius de Moraes

1 de dezembro de 2007

A compaixão e a felicidade humana

Jung Mo Sung*

Na nossa vida sempre encontramos ou cruzamos com pessoas que estão sofrendo por algum motivo. Nestes momentos todos nós somos, de um modo ou outro, tocados pelo sofrimento alheio. Isto se chama compaixão.
Para entendermos isto melhor, quero narrar uma conversa que eu tive com uma pessoa alguns anos atrás. Estávamos saindo de um banco, bem no centro velho de São Paulo, quando vimos na rua pessoas pobres pedindo esmola. Ela me disse: "eu não gosto de vir aqui para centro por causa destas cenas que me deprimem. O centro está carregado de energias negativas e toda vez que eu venho aqui saio carregado desta negatividade e mesmo quando volto para minha casa eu sinto um certo peso, um certo mal estar".

Eu não quero discutir aqui se a expressão "energias negativas" é a melhor para expressar o ambiente como aquele, mas o que eu posso dizer com certeza é que esta pessoa foi tocada pelo sofrimento daquelas pessoas pobres, algumas com crianças pequenas. O fato de ela sentir esta "energia negativa" até mesmo quando estava no conforto e segurança da sua casa (que devia ser muito boa) mostra que ela costumava ser tocada com certa profundidade e não sabia bem como lidar com isto. Mesmo as pessoas mais insensíveis são tocadas pelos sofrimentos de outras pessoas. Uma comprovação disso é que elas reagem de alguma forma a este tipo de contato, mesmo que seja apenas para virar a cabeça. Este virar a cabeça para não ver o rosto de uma pessoa que sofre mostra que foi tocada. Ninguém é completamente insensível ao sofrimento de outras pessoas.

Hoje diversos experimentos científicos estão mostrando que esta é uma característica da espécie humana. Nós somos de uma espécie que é capaz de se colocar no lugar do outro para compreender a intenção da outra pessoa e compreender o que quer dizer ou comunicar; assim como também somos capazes de nos colocar no lugar da pessoa que está nos sorrindo para entendermos - algumas vezes de forma meio equivocada - o sentido daquele sorriso para nós. Isto funciona também diante de uma pessoa que sofre. Eu me coloco no lugar desta pessoa para poder compreender o sentimento de dor que se expressa no rosto dela ou em algum outro gesto. Ao me colocar no lugar do outro, para compreendê-lo, eu sinto o sofrimento com a pessoa que sofre.

A diferença entre as pessoas se dá na reação a esta experiência de compaixão. A dor e o sofrimento da outra pessoa me lembra os meus medos, inseguranças e sofrimentos que eu não quero me lembrar. Com isso, eu posso me fechar para a dor do outro para reprimir a minha dor e esquecer dos meus medos e inseguranças; ou então me permitir sentir a compaixão e assim tomar contato com as minhas dores, os meus sofrimentos e medos. É preciso muita força espiritual e também coragem para enfrentar as minhas dores mais fundas. Permanecer na compaixão não revela fraqueza ou de "pieguice" de uma pessoa, pelo contrário, é sinal da sua força emocional e espiritual.

Reprimir o sentimento inevitável da compaixão é reprimir uma parte do "eu" que está nas profundezas do meu ser. Em outras palavras, quem nega o sentimento de compaixão não pode se conhecer e, por isso, nem consegue encontrar uma "solução" para os seus problemas que foram escondidos, empurrados e trancados no mais fundo de si. Quem não é capaz de permanecer no sentimento de compaixão, não consegue viver uma vida feliz porque tenta negar a sua própria "natureza humana".

É por isso que pessoas como Dalai Lama dizem que a felicidade depende da compaixão, e que para desenvolver o sentimento de compaixão precisamos cultivar qualidades como "amor, paciência, tolerância, capacidade de perdoar, humildade e outras" e também "o hábito de uma disciplina interior".

Quando sentimos a compaixão, desejamos que os sofrimentos das outras pessoas cessem, não só porque as amamos ou acreditamos que elas têm direito a uma vida mais digna e humana, mas também para que os nossos sofrimentos resultantes da compaixão sejam aliviados. Neste processo sentimo-nos compelidos a fazer algo para mudar a situação, assim como também incluímos no nosso horizonte de futuro desejado a superação das situações que causam estes sofrimentos. Abertura ao sofrimento alheio que nos permite tomar contato com os nossos sofrimentos e medos, a esperança de um futuro onde estes problemas foram solucionados e ações concretas que nos dão convicção firme de que estamos, dentro das possibilidades, fazendo a coisa certa para caminharmos em direção a este futuro desejado são elementos fundamentais de uma vida feliz.

Compaixão e amor encarnado em ações concretas - que buscam superar situações de opressão, dominação, marginalização, exploração ou exclusão que geram sofrimentos de tanta gente - são elementos fundamentais tanto para uma vida pessoal quanto para uma sociedade mais humana. Não se pode ser feliz sendo insensível a tanto sofrimento e dor.

É claro que não devemos cair na tentação e pressão de sermos perfeitamente compassivos e capazes de ações perfeitas e plenas para "salvar" o mundo. Só na medida em que aceitamos a nossa dificuldade é que poderemos viver e fazer o que podemos de fato.

Compaixão, responsabilidade e solidariedade são valores fundamentais para salvarmos o mundo e as nossas vidas do cinismo, da indiferença e da desumanização.

Mesmo que a nossa vida e o mundo não se transformem na intensidade e na velocidade dos nossos desejos, sabemos que nossas ações transformam ou modificam para melhor, não somente a vida de outras pessoas, mas também a nós mesmos.

Elie Wiesel nos oferece uma pérola do pensamento talmúdico sobre isto: "A caridade salva da morte. [...] O que é a caridade? Os vivos devem se preocupar com a tristeza ou doença do próximo. Quem não se preocupa não é realmente sensível; quem não é sensível não está realmente vivo. E este é o significado do apelo do shammash: a caridade nos livra de morrer em vida".

[Autor de, entre outros, "Um caminho espiritual para felicidade"].


* Professor de pós-grad. em Ciências da Religião da Univ. Metodista de S. Paulo e autor de Sementes de esperança: a fé em um mundo em crise

29 de novembro de 2007

Mulheres: Sem medo de denunciar*

*Por Iolanda Toshie Ide

Brutalmente assassinadas pelo ditador Rafael Leônidas Trujillo, da República Dominicana, as irmãs Mirabal Minerva, Maria Tereza e Pátria Mirabal são justamente lembradas pra marcar a campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres. Essa campanha inicia-se exatamente na data do assassinato delas: 25 de novembro (1960).
Às vésperas do início da edição anual desta campanha, a divulgação da informação de que uma jovem atirada à prisão para ser torturada por estupros por parte de presos na mesma cela causa indignação e merece um público e veemente repúdio.
Quando nos perguntam sobre os avanços conquistados pelas mulheres desde a segunda metade do século XX, nunca fizemos um balanço otimista. O aumento significativo do ingresso de mulheres nos cursos superiores e a participação no mundo do trabalho formal faz parecer que se avançou muito. No entanto, não engendrou salários iguais aos dos homens mesmo quando a escolaridade da mulher é maior, sem falar no peso da dupla jornada. Entretanto, como ocorreu em Abaetetuba (e não é só lá) é revoltante ver o estado lançar mulheres nas celas junto a vários homens sabendo que serão estupradas.
No início do horário de verão, um homem feriu a esposa por ela não ter atrasado o relógio. Um rapaz ameaçou invadir a escola onde estuda uma jovem que ele desejava que fosse sua namorada, ameaçando-a. Um outro rapaz, não quis aceitar o rompimento com a namorada. Foi até o município onde ela estudava, abordou-a na entrada da faculdade matando-a. Um homem chegou em casa, quebrou móveis e louças, empurrou a esposa e suas duas filhas (de menos de 10 anos de idade) para fora de casa e se trancou para dormir: as três ficaram na rua durante toda a noite.
Quantas mulheres, ao longo da história foram impedidas de votar e de estudar. Mas isto não é coisa do passado. No dia 6 de dezembro de 1989, um estudante irrompeu na Escola politécnica de Montreal (Canadá) e atirou nas mulheres. Não aceitava que as jovens adentrassem nos cursos de engenharia dizendo elas roubavam as vagas dos homens. Atirou furiosamente assassinando 14 mulheres. Daí surgiu a Campanha do Laço Branco pela qual homens se engajam mobilizando-se pelo fim da violência contra a mulher.
- a cada minuto, 4 mulheres são espancadas;- em cada 10 casos registrados, 7 têm como agressor o marido, namorado, ex-companheiro, pai e parentes;- a cada 9 segundos, uma mulher é ofendida na sua conduta sexual;
A campanha pelo fim da violência contra as mulheres que de 25 de novembro a 10 de dezembro ocorre simultaneamente em mais de 130 países, necessita, pois, de muita garra. A Secretaria Especial de Políticas para Mulheres disponibilizou o telefone gratuito 180 para orientar as mulheres, funcionando 24 horas, inclusive nos sábados e domingos.
O patriarcalismo ainda está vivo: houve juiz que ousasse pronunciar-se contra a Lei Maria da Penha (Lei nº11.340) considerando-a inconstitucional. Estamos nos empenhando na direção contrária, divulgando a lei, incentivando as mulheres para que denunciem seus agressores, sem medo. Quem deve ter medo é o agressor. É preciso que a Lei nº 11.340 saia do papel. Afinal, uma vida sem violência é nosso direito.